quarta-feira

Como tantos gostam ou teimam em dizer: 'Ano Novo, Vida Nova'.
Eu sou um desses tantos. Sou se calhar das mais assíduas no pensamento de mudança.

Pois bem, aqui estou eu no sofá como em tantos outros dias do ano passado, com o mesmo pijama, o mesmo aspecto e as mesmas pessoas do meu lado.
No fundo, sempre desejei que tudo continuasse da mesma forma.

O Novo terá de vir devagar e conquistar-se. Aliás, terá de se misturar de modo a que eu não o perceba. Tenho medo de mudança.

Porque o Novo não associa, substitui, e eu estou bem assim. Tão bem!


Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos.
- Luís de Camões



[(E tenho saudades tuas. Bastantes. Mesmo quando estás ao meu lado (ranhoso)]

terça-feira

Diz que é uma espécie de carta. (?)

Para umas pessoas não tem o mesmo simbolismo que para outras, e talvez por isso se use o amor em vão. Usamo.lo para tudo. Para roupas 'Gosto desta', para comida 'Gostei daquela' e, ainda que vezes demais, para pessoas 'Gosto de ti'.
E sim, gosto.
É fácil! Muito fácil.

Não o digo em jeito de elogio, pois o maior elogio que posso dar é olhar-te de frente. Não o digo para que me vejas de forma diferente, melhor ou pior.
Digo-o exactamente porque é a única coisa que me apetece dizer. Nem mais, nem menos.


Dificil seria esquecer aquilo de que aprendemos a gostar.

E se um dia me perguntarem 'Como se pode gostar?'
É fácil! Mesmo muito fácil.

Agora, depois, ontem, hoje e amanhã.
Quando ficares, quando fores e quando nem sequer apareceres.
Quando chover, fizer sol.
Quando os pássaros forem borboletas ou os patos te atacarem.
Aqui, lá, em todo o lugar.
Quando caíres 'para o lado'.
Nos momentos fáceis, difíceis e até nos embaraçosos.
De pé, sentada, de cócoras, joelhos ou a meio caminho do chão (?!)
De maneiras simplesmente complicadas. Complicadamente simples.
No Inverno (e nas outras três estações).
A chorar, rir, a dormir ou a gozar (lalala).
Quando errares, ou te cansares.

Até mesmo quando me gozas por causa da tua avó ou a brincar aos cowboy's :P

sexta-feira

Se cresceste nos anos 90...

- Ainda te lembras de quando valia a pena acordar cedo para ver desenhos animados;
- Sabes de cor a música de pelo menos 4 canções da Disney;
- Fazias aquelas coisinhas de papel para ver com quem é que te ias casare os 'quantos queres?' ;
- Cantavas as musicas das Spice Girls, mas não sabias bem o que é que estavas a dizer;
- Sabias que a Power Ranger cor de rosa e o verde ainda iam acabar juntos;
- Não perdias um episódio do Dragon Ball;
- Tiveste, pelo menos, um Tamagotchi;
- Sabias as músicas dos Onda Choc de cor 'ele é o reiii, eiii, eiii'
- Ainda és do tempo em que a Anabela cantava 'quando cai a noite na cidadeee'...
- Brincavas aos Polly Poquet!
- Ainda te lembras da coreografia da Macarena;
- Gritavas 'Olhós namorados, primos e casados!';
- Choraste quando o Mufasa morreu e, se for preciso, voltas a chorar se voltares a ver o filme outra vez;
- Tururururu Inspector Gadget Tururututu!
- Ainda te lembras de ver a tua mãe ou a tua avó a chorar a ver o 'Ponto de encontro'
- 500 escudos dava para tanta coisa!
- 'Bem-vindos ao mundo encantado dos brinquedos, onde há reis, princesas, dragões!'
- Todas as tuas decisões importantes eram feitas com um 'pim-pu-ne-ta'
- 'Velho' queria dizer qualquer pessoa acima dos 17 anos;
- Conheciass pelo menos uma pessoa que tinha daqueles ténis com luzinhas!
- Quando ias ao cabeleireiro, a tua mão dizia-te que ficavas linda de 'poupa';
- Querias sempre um Push-pop e a tua mãe nunca te queria dar porque ficavas todo a colar!!!
- Levaste pelo menos um sermão por teres colado o teu 'pega-monstros' ao tecto da cozinha;
- Trocavas tazzos e matutolas;
- Vias o Zig-Zag, e o Buereré.
- Vias o Riscos, no canal 2, e sentias-te muito mais crescida.
- Achavas piada ao 'quarto-escuro';
- Respondias aos insultos com 'quem diz é quem é!!'
- Lembras-te de ver os Simpsons e de não perceberes porque é que, sendo desenhos animados, não tinham graça nenhuma;
- Viste o Rei Leão, e os 101 dálmatas.
- Já te apercebeste que já não és uma criança, e que sabe bem recordar os momentos que já passaram...

quinta-feira

Ele morrera ali mesmo. Nos meus braços hesitantes. Eu poderia ter dito tanta coisa. Podia e não disse nada.Resignei-me em silêncio desde o primeiro momento. As lágrimas morriam na apatia da minha expressão.Será este o auge do sofrimento? Quando ele é tão intenso que o corpo deixa de se mover apenas para se quedar na apatia de um "nada me importa agora que o hoje acabou".De nada me adiantaram os póstumos postais a lamentar o sucedido. As flores que vieram colocar-lhe na campa. Houve até quem vertesse uma ou outra lágrima. Como não me conseguia mexer cobriram-me o corpo de essência de jasmim e vestiram-me com um vestido branco de algodão que ainda guardo no baú chinês onde deposito todas as minhas memórias e vestidos sem uso.Quase tiveram de me levar ao colo para o funeral. Ouvi a última missa. Ainda me recordo das palavras do padre gordo e baboso: "vamos todos deixar um último adeus sentido ao Amor e relembrá-lo nos nossos corações pois onde ele está agora apenas existe paz, anjos e sinfonia".Depois deram-me a mão e arrastaram-me para longe da campa alva. Já não havia nada a fazer ali, disseram.

Voltei lá poucas vezes desde esse fatídico dia. Sempre que vou colho belas flores, geribérias, para deixar na campa do meu Amor.



Mas para quem não sabe e pergunta...



O amor não está morto.
Sou discreta. Digo que saiu de férias, e volta logo. Que manda noticias, de tempos a tempos.

Não partiu. Foi antes roubado pelo circo e viaja pelo mundo como artista.




Amor que morre
Florbela Espanca

O nosso amor morreu...
Quem o diria?
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver,sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver

São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos pra partir.
E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De que outro amor impossível que há-de vir!
Cheguei a casa com as tuas flores de papel presas no coração. Escolhi uma jarra antiga, e plantei-as na sala onde descanso, sonho e trabalho. As tuas flores são enormes, generosas, simpáticas e guardam o teu perfume. Sempre que passo por elas, o teu cheiro entra pelo meu corpo e enche-me de bem estar. É sempre cheia de bem estar que me sinto quando penso em ti, na tua alegria, generosidade e beleza, mesmo que o nosso amor seja feito de papel como estas flores.Não precisamos de o regar todos os dias, nem de adubos, nem cortar os caules. Nem sequer precisamos de água, o nosso amor é quase imaterial, tu aí e eu aqui, milhares de quilómetros por terra e duas horas e meia de voo.Quando te vejo, o meu amor desenhado no papel torna-se real, ganha vida, cor, textura e cheiro e somos só um na mesma casa, siameses a passear na rua, gémeos a conversar, namorados a dormir. A nossa vida enche-se com a do outro e tudo o que desejamos é que o outro esteja tão feliz como nós. Depois, quando me separo, já não choro. Sei que o que pode acontecer é um mistério da existência e quanto menos planear, mais sorte vou ter. Demoro alguns dias a descer à terra, vou ao supermercado e encho o frigorífico para disfarçar o vazio no coração e escrevo muito, porque enquanto escrevo é como se aqui estivesses ao meu lado, gémeos a dormir e namorados a conversar, a lareira acesa e a paz de uma continuidade sonhada, porém possível.É um amor de papel, frágil e opaco, leve e branco, feito de ideias, de sonhos, de esperança e de muitas cores. Um amor sem planos nem projectos, quase adolescente, intenso, puro e perfeito, que não precisa de provas nem palavras.O amor é um acto de fé, uma manifestação de esperança. É como plantar uma semente. Por isso, a última vez que te fui visitar, também trouxe uma caixa de bolbos para plantar no meu jardim. Estou atrasada porque o Inverno já começou, mas pode ser que tenha sorte e na Primavera a minha entrada em casa seja um festival de cores e aromas. Algumas flores vão morrer, outras vão ser mais pequenas, mas sei que as mais fortes vão vencer o frio e germinar com grande beleza e generosidade. E sei também que por esses dias te vou ver por aqui, a ensinar-me a cuidar delas, tu que cuidas do meu coração melhor do que ninguém e nem sequer sabes.O nosso amor é de papel, como as flores que me deste e no papel há-de ficar, para sempre escrito nas minhas palavras. E se um dia se transformar em qualquer outra coisa, será sempre numa outra forma de amor, porque o papel vem das árvores, mas o amor vem do amor e nunca morre, mesmo depois de cortado, prensado e transformado, porque amor é como plantar um semente e tu já plantaste a tua no meu coração.

terça-feira

De volta...

Por última vez... (pelo menos hoje) Peço que me deixem.Deixem-me!
Caramba! Mas será tão difícil assim?
Parem de me dizer o que ser, quando ser, como ser!Párem de me 'aconselhar'. Todos esses 'conselhos' não passam de uma forma politicamente correcta de me empurrar na direcção que mais vos apraz!
Deixem-me ser eu! Porque nem isso sei ser! E como saber, se não sei quem sou?
Párem de me perguntar 'para quando'?
Não sei!
Só tento viver um dia de cada vez...
Sim, tento! Porque graças a todas as bocas inflamadas não faço mais do que viver com o peso de adivinhar o amanhã, de me esforçar por saber o que fazer para agradar!
Não sei é da idade, não lhe chamo uma fase, e recuso-me a ouvir explicações.
É fácil demais sentar-me no colo e ouvir o que têm para dizer. Todos seguimos em frente, uns com a sensaçao de que deram o que podiam para ajudar, e eu com a nitidez de que mais uma vez tenho de me esforçar para chegar ao local que me apontaram.
Por favor...
Não me obriguem a perder precocemente a já pouca ignorância que possuo e me ajuda a ser feliz!
Não me tirem o pouco chão que ainda piso com certezas!
Deixem-me cair sem ter de ouvir que me avisaram.
Deixem-me errar sem ter de ouvir era escusado!
Deixem-me crescer, e não 'aparecer crescida'.
Levem o sono, não me proibam de dormir!
[A Primavera da vida é bonita de viver
tão depressa o sol brilha, como a seguir está a chover]

quinta-feira

Viva os Incultos, jovens e menos jovens que exaltam a Futilidade! VIVA A VAIDADE! VIVA O EGOÍSMO! VIVA A ESTUPIDEZ! VIVA A FALTA DE AMOR PELO PRÓXIMO! ...

Acredito que todos nós deveriamos viver a vida de forma mais intensa o possivel, para tentarmos alcançar assim a felicidade. E para ser feliz, às vezes um simples acto pode fazer a diferença.

Dar um bom dia, fazer um pequeno passeio, rever os velhos amigos e coisas do tipo.
Mas não podemos fechar os nossos olhos para a realidade cruel em que vivemos. Fazer isso (fechar os olhos) é ser ignorante, e ser ignorante conhecendo a verdade é comportar-se de forma vã, tornando-se assim um ser insignificante e levando-nos a construir uma imagem de futilidade.
A vida é ,sim, um verdadeiro 'Quem quer ser Milionário' onde aquele que demonstra mais conhecimentos é o que leva o grande prémio.

O que está a acontecer?

A Liberdade, foi confundida com libertinagem...
É o que sempre acontece a quem não tem nada e subitamente fica com tudo...
Não sabe o que fazer com o tanto que não sabia que podia ter...e em vez de produzir, destroí envolto em arrogâncias estúpidas e baseadas na má formação pessoal.


Viva a LIBERTINAGEM! Viva!
Viva os Incultos, jovens e menos jovens que exaltam a Futilidade!
VIVA A VAIDADE!
VIVA O EGOÍSMO!
VIVA A ESTUPIDEZ!
VIVA A FALTA DE AMOR PELO PRÓXIMO!